quinta-feira, novembro 20, 2003

Eu não bebo para me afundar
bebo para emergir
desde tédio sem janelas
desta náusia do sentir
Quem sou eu?
para não ter mais razões
para chorar contigo
para gozar o pranto
de andar sempre perdido
nas formas curvas do meu pensamento
Fumo um cigarro
paro por um momento
escrevo sem sentido
(mas preciso de escrever)
para não perder
o que vou sendo

terça-feira, novembro 04, 2003

Noite

Perdido, inrrompo pela noite dentro
com a euforia de um marinheiro gingão
bebo um copo a cada esquina
e fumo um passaporte para a visão:
Estou num filme, com sombras e nevoeiro
As pessoas representam seres humanos
As ruas representam ruas
e eu represento-me a mim
tudo é verdadeiro, fácil e afectivo
no outro dia dói-me a cabeça
e não acredito no mundo em que vivo

terça-feira, outubro 28, 2003

O mundo hoje para mim é feio, não vejo amor em nenhum lado, nem rostos de paz, só agressões. Não há idades faceis.

quarta-feira, outubro 22, 2003

Talvez volte ao Porto

Aqui em Lisboa perco o Norte e o meu barco não tem Porto
A cidade mais perto do sonho, não fosse o nevoeiro a sua atmosféra noturna

segunda-feira, outubro 20, 2003

Não me conformo de não poder dormir de manhã

Estava quase a encontrar-me, na verdade dos lençois
estava quase a ser eu próprio, e sorrir de harmonia
quando a firme mão da responsabilidade me arrancou de mim
e agora estou aqui, nesta mesa de trabalho
sem saber porque aqui estou
a adiar a consciência
sem missão e sem vontade
mas estou, e vou estando
até que a morte venha
e eu diga: merda, hoje é que era....

quinta-feira, outubro 16, 2003

Não tenho carinho por animais
mas é impressionante!!!
aqueles olhos a olharem para nós
sem revelarem a alma
sem sabermos o que lá está dentro
que sufoco
Deixem-me pousar a cabeça no paraiso
re-inventar a vida
ser operado à ansiedade
passar um més de convalescência
com uma enfermeira de pernas altas
e voz de fada
porque me enfada
estar sozinho em recuperação

sexta-feira, outubro 10, 2003

Violentamente, vivo reprimido por currais de pedras
Mas fumo-as docemente...

quinta-feira, outubro 09, 2003

Acordei muito cedo para sentir o cheiro da terra
E o vento imaculado pelo engenho humano
vieram longas horas, subiu e desceu o sol
Abriram-me portas, andei por entre a multidão
E o cheiro dos outros chamou ao meu: Irmão