quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Estavas triste, uma tristeza de morte, como quem tomou banho nas próprias lágrimas. Tinhas uma languida lucidez no teus olhos pretos, a pupila dilatada num acrílico brilhar e a voz arrastada, grave e pesarosa. Mas acima de tudo estavas longe, tão longe...que nem vale a pena aqui procurar, o que no presente não se pode encontrar.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Hoje ao almoço, um colega falou-me do seu avô. Dizia que ele bebia muito e inclusivie tinha um garrafão de vinho tinto no local de trabalho, a judiciaria. A sua responsabilidade era passar matriculas para o computador; num Portugal de licenciados e neo-Yuppies carreiristas, passar matriculas e beber garrafões de vinho, pareceu-me uma ideia deliciosa.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004


que dias e dias passaram
exponenciais para a explosão.
Agora que o corpo se satisfez,
ficou a lucidez
vês!?

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Leva-me para longe, ó sonho
que realmente perdi a paciência
e estou farto desta ausência
que é quase demência
do tudo que imagino e não encontro
como se estivesse condenado
a ser um danado

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Almeida

Estou farto da poesia
que gira na espiral de mim mesmo
E a dor!! essa puta
que encharca de fel
o autocarro das putrefações
conduzido pelo proleta Almeida,
ele também masturba-a-dor
das cartas dos amantes
que viram um reflexo pensando ser esse o céu.
Com tiras flurescentes no arfante peito
e uma vassora de bruxa na sapiente mão
tudo fica disposto a seu jeito
no passeio e no alcatrão
O Almeida não é um mito
é o redentor da urbana civilização
Nas ruas em que naufrago
vejo-o afastar-se cada vez mais pequenino
Carregando o caixote de lixo do meu destino...