sexta-feira, setembro 30, 2005

Ameixa clandestina

Comerei uma ameixa clandestina
sob uma arvore afastada da multidão
projectarei o caroço
num arco perfeito de comunhão
entre tudo o que a vista alcança
entre o orvalho e o carvalho
entre o cabelo e o piolho
entre o trigo e o restolho
Falarei de silêncio e de bolos de chocolate
falarei de música e de erva esfumaçante
falarei de entrega e de renuncia
falarei de sexo e de cheiros organicos
calarei para falar, falarei para calar
dormitarei para ser apenas paisagem
Refrescado pela mesma aragem
que as silvas as arvores e os pardais

sexta-feira, setembro 23, 2005

Risinho estupido

Uma caracteristica comum e comummente enervante a todos o chefes modernos e arejados, é um certo risinho farsolas perante qualquer estupidez que saia da boca dos seus chefiados.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Vejo a vida a correr aflita
quero agarra-la e não consigo
ser tudo o que em mim grita

segunda-feira, agosto 22, 2005

Zé Pereira


Hoje imaginei um filme: um tipo cansado da letargia do dia a dia, vai almoçar sozinho para equacionar uma solução para a sua vida (custa-me a escrever porque tenho as unhas grandes). Claro que não resolve nada mas começa-lhe a crescer uma vontade explosiva de mandar tudo para o pénis. Chega ao escritório e fá-lo, vai à rua e está a chuvar, vai para casa e o filho está deitado na cama a ler romances de amor, vai ao café e está tudo em pé. Saí de casa e caminha primeiro aos circulos depois em parábolas e vai parar ao rio e ri e ri e ri. Tudo é estranho. -Vou-me tornar Zé Pereira, comprar um bombo e bombar, diz o nosso interluctor com um sorriso ligeiramente esperançoso e ligeiramente parvo.
Amanhã continua...

quinta-feira, agosto 18, 2005

quarta-feira, agosto 17, 2005

Vidas a metro



Animem-se, falem, acordem!!!! e porque não, vão ás festas de Viana do Castelo no Minho.

terça-feira, agosto 16, 2005

Há mar e mar, há ir e voltar
















Há mar e mar, há ir e voltar e ir e voltar e ir e voltar...estou cansado

Fotos: AA

quinta-feira, agosto 11, 2005

Telemóveis


Será para isto que eu Trabalho???

Um poema

Um poema é um grito
um sussuro ao infinito
um tentar desesperado
ser um anjo alado

Teatro em Montemor-o-Velho

Na noite passada encontrei-me com a minha querida Ana a meio caminho entre as nossas duas moradas. Nem Porto nem Torres Novas mas Montemor, sim claro, o Velho. Há quem se encontre com a namorada em belos jardins, entradas de shopings ou mesmo bilheteiras de cinema. Nada disso. A Ana e eu encontramos-nos na saida da portagem para Montemor, entre a civilização e a ruralidade, entre a velocidade e o vagar, entre uma faixa e outra e entre o alcatrão e o coração. O pretexto foi uma peça de teatro que não chegou a ser teatro, sendo antes, performance, ensaio e instalação.
O tema foi a bidimensionalidade, com um inglês a vociferar um texto, também lido por nós num ecrã que lhe escondia o corpo. "Só existes se te vêem" dizia-se entretanto e talvez por isso o tal homem apareceu no fim ganhando vida. Não ficámos para a dinâmica de grupo, a dimensão do sono não pode ser esquecida. Acordámos em frente a um milheiral numa paisagem rural.

Metemos-nos cada um em seu carro e voltamos às nossas dimensões, não sei quantas são, mas agora que já estou no Porto falta-me uma....

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

T0 na rua de Gondarém

Desde ontem que habito uma casa na Rua do Gondarém na cidade do Porto. Essa casa é um T0 e não tem cobertores suficientes para me aquecer durante a noite. Da cama vejo a sala com lareira e de permeio está um biombo. Não gosto de biombos, aliás é a primeira vez que escrevo esse nome. Tenho também uma cozinha e uma casa de banho com um cilindro. O cilindro não tem capacidade suficiente para uma hora de banho e interrompe-me esse prazer para me obrigar a vestir e sair para a rua. Por fim refiro uma pequena varandinha, amurada por plantas verdes que dependem de mim para viver. Mal cheguei e já estou a criar dependências. Desde quarta-feira passada que não fumo um cigarro. Ai os cigarros... como gosto de fumar!! mas faz-me mal e é uma dependência atroz. Tenho que ser firme. Eu sou dado a reflexões sobre as decisões que devia ter tido, o que julgo ser um sinal de loucura porque é estupidamente desnecessário, ridículo e constrange-me o presente. De qualquer forma, concluo que uma só divisão numa casa é pouco para mim, decerto me habituarei mas por enquanto olho ao meu redor e faltam-me paredes.
Grandes transformações se adivinham em mim. Quero mudar! Quero mudar! Mudar para o que ainda não sou mas sonho, mudar para o que sou sem ser, mudar para o que fui e perdi. Acreditar no que não se vê, amar perdidamente a vida e os outros, matar a sede em Jesus, e chegar sem forças à morte seguro pelos braços de Deus. Quero tudo isto contigo....

segunda-feira, janeiro 31, 2005

Assalariados peidam-se no seu Ucal de trabalho
assobiam cançonetas merdosas sorrateiramente
quem tem mente mente
quem não tem também
Vivo no Porto, tenho casa em Lisboa e nasci em Santarém

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Fado do fado

O que é que faço
a toda esta saudade
a todo este sentimento
que existe quando se parte

que frutos nascerão desta força
que destino reserva o fado ao fado
Quando a alma ainda viaja
Estando o corpo já cansado

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Dias do vinho
olhar luzidio
fogo na vida
que se extinguio
A Ana acorda-me matinalmente
Com o seu despertar de bem querer
E eu, preguiçoso inveterado
Venço o torpor do corpo e vou viver

Quando rodo a chave da fechadura
Sinto a minha vida a fechar
Nesta realidade fria e dura
Que é sair do carro e trabalhar

Assola-me um ataque de filosofia
A vida esta-se a esgotar e é preemente
Tomar decisões, mudar de vida
Escolher o que nos leva mais à frente

Já sentado à mesa vejo os colegas
todos um pouco anormalmente normais
planeio beber um cafézinho
E enconder-me no horizonte dos ideais