sexta-feira, setembro 30, 2005

Ameixa clandestina

Comerei uma ameixa clandestina
sob uma arvore afastada da multidão
projectarei o caroço
num arco perfeito de comunhão
entre tudo o que a vista alcança
entre o orvalho e o carvalho
entre o cabelo e o piolho
entre o trigo e o restolho
Falarei de silêncio e de bolos de chocolate
falarei de música e de erva esfumaçante
falarei de entrega e de renuncia
falarei de sexo e de cheiros organicos
calarei para falar, falarei para calar
dormitarei para ser apenas paisagem
Refrescado pela mesma aragem
que as silvas as arvores e os pardais

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